Washington, 15 dez (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama, reiterou neste sábado a necessidade de tomar uma 'ação significativa'
para evitar mais tragédias como a do massacre de sexta-feira em Connecticut,
que deixou 28 mortos, 20 deles crianças, e reabriu o debate sobre a posse de
armas no país. Obama reforçou suas declarações de ontem em seu tradicional
discurso dos sábados depois que o país assistiu ao segundo maior massacre de
sua história.
Enquanto isso, algumas vozes voltaram a levantar-se sobre a
regulação para o acesso às armas, como fez o prefeito de Nova York, Michael
Bloomberg, que respondeu o presidente americano assegurando que as pessoas
precisavam de mais que suas condolências, em referência às declarações que fez
após o tiroteio, visivelmente emocionado. 'Escutamos o presidente Barack Obama
expressar suas condolências às famílias em Newtown, Connecticut. Mas, o que o
país necessita dele é de um projeto de lei que regule este problema', disse
Bloomberg, que copreside a associação 'Prefeitos contra as Armas Ilegais' junto
com seu colega de Boston, Thomas M. Menino.
As palavras de Obama não garantem que se abra um caminho rumo à
regulação, mas o certo é que após massacres como este e o de Virgínia Tech em
2007, que deixou 33 vítimas, o fácil acesso às armas de fogo continua sendo uma
das maiores causas de morte nos EUA. O editor da prestigiada revista 'New Yorker',
David Remnick, pediu na edição desta semana ao líder americano que não atue 'só
como um pai' perante a tragédia ocorrida ontem em Conneticut, mas que o faça
também como 'presidente' e regule a posse de armas. Remnick aponta que em
estados como Ohio, Pensilvânia, Flórida e Colorado o debate sobre as armas é um
assunto delicado, mas, após sua reeleição, assegurou que 'agora é o momento' de
Obama arriscar parte de sua aceitação nesses lugares 'para salvar vidas'.
A congressista democrata por Nova York Carolyn McCarthy, conhecida
por sua forte posição contra o livre acesso às armas, anunciou hoje que voltará
a exercer pressão no Congresso americano para que haja uma nova legislação.
A Segunda Emenda da Constituição consagra o direito dos americanos
à posse de armas e a Corte Suprema sempre decidiu a favor frente às tentativas
de alguns estados e cidades de limitá-la.
O marido de Carolyn McCarthy morreu em um tiroteio em Long Island em 1993,
uma tragédia que a motivou a iniciar sua carreira política. Nos últimos anos
Carolyn alçou sua voz após cada um dos massacres que o país sofreu (11 dos
últimos piores 20 massacres dos últimos 50 anos ocorreram nos EUA), mas a
legislação que tentou introduzir nunca foi bem recebida no Congresso. Hoje, não
somente políticos e jornalistas levaram o tema da regulação ao primeiro plano;
também muitos cidadãos decidiram fazer sua parte para que, após esta tragédia,
os EUA assumam 'de uma vez por todas' a responsabilidade de legislar sobre a
matéria.
No site da Casa Branca, na seção 'We The People', aberta aos
pedidos dos cidadãos, ontem mesmo foi criada um abaixo-assinado para levar uma
proposta de lei ao Congresso que regule o acesso das pessoas à munição e às
armas de fogo. Na tarde de ontem, uma centena de pessoas se reuniu na frente da
Casa Branca para pedir ao presidente que dê um passo adiante na matéria sob o
lema 'Today is the Day' (Hoje é o dia), já que apesar não ser o maior massacre
em números, comoveu o país pela morte de tantas crianças.
O suposto autor dos disparos, identificado como Adam Lanza, teria
utilizado duas pistolas e um rifle calibre 233 que não lhe pertenciam, mas
estavam registrados no nome de sua mãe, a quem teria matado antes de atacar à
escola. Os Estados Unidos são o país do mundo com mais civis com posse de
armas, entre 270 e 300 milhões segundo as Nações Unidas, um número que a
Associação Nacional do Rifle eleva para mais de 300 milhões. Copyright (c)
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