Um dos motivos do nosso orgulho nacional, que o próprio Lula
invocou há tempos, é que não temos vulcões nem terremotos. Nossas relações com
o planeta Terra são relativamente boas, temos enchentes que não chegam ao nível
de furacões. Os nossos temporais produzem vítimas e estragos, mas a culpa não
chega a ser da natureza, mas da legislação e da fiscalização nas áreas de
risco. As tragédias que sofremos neste setor po-deriam ser minimizadas.
Com os Estados
Unidos a barra é mais pesada. Na Costa Oeste, os terremotos, e, na Costa Leste,
os furacões. No meio, entre os dois litorais, os tornados. O país mais rico e
poderoso em tecnologia ainda não encontrou um sistema que controlasse os
desvarios da natureza. É tão indefeso diante das catástrofes como as ilhas
Papuas, que, aliás, sofrem menos neste departamento.
Vimos as cenas
provocadas pelo furacão Sandy, que praticamente reduziu Nova York, por algumas
horas, a uma cidade que poderia integrar a Baixada Fluminense.Felizmente, o
povo americano sabe se virar em situações iguais.
Em setembro de
1985, enfrentei o furacão Glória, estava em White Plains, as
autoridades pediam que se enchessem as banheiras para impedir que elas voassem.
É a síndrome do Lobo Mau que destrói a choupana dos Três Porquinhos com seu
sopro formidável.
Passei horas
grudando fitas gomadas nas janelas, reforçando os vidros que se estraçalhavam.
Clima de fim de mundo. Os supermercados foram esvaziados, num deles cheguei a
comprar latas de sardinhas feitas em Niterói. Tinha a volta marcada para o dia
seguinte, a companhia aérea me localizou e me aconselhou a ir para o JFK
enquanto houvesse trânsito regular. Dormi duas noites no aeroporto, em cima das
minhas malas. 'God bless America'. (*Folha de S.Paulo)
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