A presidente Dilma Rousseff se comprometeu, nesta terça-feira, a ouvir os milhares de brasileiros que saírem às ruas contra os altos custos da Copa do Mundo e da Copa das Confederações, num dia em que novas manifestações eram esperadas em São Paulo e outras cidades. "Meu governo está ouvindo essas vozes pela mudança. Meu governo está empenhado e comprometido com a transformação social", afirmou em um discurso no Palácio do Planalto, ao comentar o movimento que levou mais de 250 mil pessoas às ruas das principais cidades do país. "Essas vozes das ruas precisam ser ouvidas", afirmou Dilma em um discurso no Palácio do Planalto.
"Esta mensagem direta das ruas é de repúdio à corrupção e ao uso indevido do dinheiro público. As vozes das ruas querem mais cidadania, melhores escolas, melhores hospitais, postos de saúde, direito à participação", acrescentou.Porto Alegre, Recife e outras cidades anunciaram esta terça-feira reduções no preço do transporte público, após os protestos. Em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, a passagem de ônibus será reduzida de R$ 3,05 a R$ 2,80 após a isenção de um imposto, anunciou o prefeito José Fortunati, citadopela imprensa brasileira.
Em Pelotas, também no sul, a redução das passagens foi de 15 centavos, para R$ 2,60. Em Recife e região metropolitana a tarifa caiu 10 centavos, assim como em Cuiabá (Mato Grosso), e em João Pessoa (Paraíba). Milhares de pessoas prometem voltar às ruas nas principais cidades brasileiras depois do maior protesto realizado em décadas no país, que terminou em caos e violência no Rio de Janeiro e surpreendeu o governo por sua dimensão e intensidade. Desafiando a afirmação popular de que os brasileiros são acomodados e não protestam, cerca de 240.000 pessoas marcharam na noite de segunda-feira por mais de 10 cidades para denunciar o aumento das passagens de ônibus e os multimilionários gastos com a Copa do Mundo de 2014 e seu ensaio-geral, a Copa das Confederações.
Os protestos, em sua maioria pacíficos, terminaram, no entanto, com violência em várias cidades, principalmente no Rio. Os manifestantes foram dispersados pela polícia com gás lacrimogêneo e balas de borracha quando tiveram início cenas de vandalismo, destruição do bem público ou quando, em Belo Horizonte, os manifestantes tentaram se aproximar do estádio Mineirão, onde era disputada a partida Taiti-Nigéria.
Os manifestantes, em sua maioria jovens sem partido e de classe média, exigem a revogação do aumento do preço no transporte público e melhorias na qualidade deste serviço, assim como inúmeras outras reivindicações, como melhor educação e saúde pública e até o fim da corrupção.Estes estão os maiores protestos no Brasil desde as manifestações contra a corrupção do governo de Fernando Collor de Mello em 1992, que renunciou durante seu julgamento político no Senado.Novas manifestações estão convocadas para esta terça-feira, em São Paulo, e para quinta-feira em várias cidades do país, incluindo o Rio de Janeiro, uma das seis cidades-sede da Copa das Confederações.
Os protestos poderão afetar a competição na quinta-feira, quando, no Rio, será disputada no Maracanã a partida Espanha-Taiti, e, em Salvador, Nigéria-Uruguai."O governo está preocupado", afirmou na véspera Gilberto Carvalho, chefe do gabinete de Dilme. "Que ninguém se precipite para tirar proveito político de um lado ou de outro", pediu.Na véspera, Dilma já havia afirmado que "as manifestações pacíficas são legítimas e próprias da democracia". "É próprio dos jovens se manifestar", afirmou no blog da Presidência.
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