Em um esforço para aparar as arestas com a base aliada num momento em
que tenta costurar o caminho da reeleição, a presidente Dilma Rousseff discursou
há pouco na Convenção Nacional do PMDB, em Brasília, afirmando que a aliança
com o PMDB terá "longa vida" e voltou a atacar a oposição,
celebrando as conquistas da sua administração.
"O convite do PMDB pra estar
aqui ofereceu oportunidade extraordinária para que nós juntos possamos celebrar
essa parceria sólida, produtiva e que sem dúvida alguma terá uma longa
vida", discursou a presidente, sob aplausos, após iniciar o discurso
com um cumprimento ao "meu grande parceiro Michel Temer".
A referência a Temer voltou no final
do discurso, com Dilma afirmando que deseja "vida longa à nossa aliança, à
nossa parceria". "Me dirijo calorosamente ao meu amigo Michel Temer,
para agradecer mais uma vez o apoio, a competência, a solidariedade e a lealdade,
essa é uma parceria que muito me honra e quero dizer que nós, juntos, eu e o
Temer, vocês, a base aliada, meu partido, PMDB e todos os partidos da base
aliada temos esse desafio maravilhoso que é transformar o Brasil."
O afago de Dilma no PMDB ocorre no
momento em que o Palácio do Planalto vê cristalizar uma possível candidatura do
governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência da República -
para barrar os planos de Campos, petistas cogitaram inclusive oferecer a
ele a vaga de vice de Dilma em 2014.
"Mercadores do pessimismo"
Atacando a oposição, Dilma disse que
o seu governo fez o que os "adversários políticos, quando puderam, não
souberam ou não quiseram fazer". Ao falar de economia, Dilma destacou que
a inflação está sob controle e que a indústria começa a dar sinais
de recuperação.
"Mais uma vez, os mercadores do
pessimismo vão perceber, vão perder como perderam quando previram o
racionamento de energia, mais uma vez os que apostam todas as fichas no
fracasso do País vão se equivocar. Torcer contra é o único recurso daqueles
que não sabem agir a favor do Brasil, em tudo que foi feito, é normal que
tenhamos enfrentado interesses divergentes que estavam acostumados ao
passado", atacou.
A presidente disse que, antes,
"crises maiores" que a atual "quebravam o Brasil, "levavam
o País a bater à porta do FMI (Fundo Monetário Internacional), pedindo de
joelhos, recursos e dólares". "Hoje, o País tem 378 bilhões de
dólares de reservas, não deve nada a ninguém, olha a todos nos
olhos", prosseguiu.
A presença de Dilma na convenção
ocorre um dia após a presidente cumprir uma intensa agenda de eventos no Rio de
Janeiro, acompanhada do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes -
seus dois maiores aliados peemedebistas na região. PT e PMDB, no
entanto, estão em pé de guerra no Rio, após o senador Lindbergh Farias (PT) se
lançar à campanha pelo governo estadual, contrariando os planos do PMDB, que
quer emplacar o vice-governador Luiz Fernando Pezão.
Dilma destacou a parceria com as
autoridades do Rio de Janeiro, defendendo que "essa parceria é baseada na
capacidade de gestão, também na força e na determinação de transformar".
Enquanto a presidente discursava, populares bradavam gritos de "É união,
é união, Dilma, Cabral e Pezão" e "Ô presidenta, por favor: 2014
é Pezão governador".
A presidente destacou o "empenho
e dedicação" dos ministros do PMDB ao seu governo. "Juntos, PMDB, PT
e os demais partidos da base aliada fizemos o nosso dever para com o nosso
País. Por causa dessa base, desse imenso mercado interno, rompemos com
aquela dualidade, visão conservadora que dizia que primeiro a gente
tinha de crescer para depois distribuir o bolo, nós, juntos, PT, PMDB e
partidos da base aliada, afirmamos, pelo contrário, que quando o bolo é
distribuído o País cresce cada vez mais", disse Dilma.
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