Depois da repercussão nacional negativa gerada pela censura a três veículos pernambucanos, movida por uma ação na justiça, o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Guilherme Uchoa (PDT), pode responder, agora, a uma investigação de conduta na Comissão de Ética da Casa, relativa à denúncia de suposto tráfico de influência em esquema de adoção ilegal de criança, que teria envolvimento da sua filha, a advogada Giovanna Uchoa.
O episódio está sob investigação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e acompanhamento do Conselho Nacional de Justiça. Ontem (5), a promotora da Infância e Juventude de Olinda, Henriqueta de Belli, encaminhou ofício aos membros da Comissão de Ética Parlamentar da Alepe pedindo a apuração da conduta do presidente da Casa e a eventual participação de funcionários da Assembleia no processo de adoção ilegal.
“Protocolei hoje [quinta-feira] pedido de investigação do deputado [Uchoa] na Comissão de Ética. Sei dos envolvimentos políticos, do corporativismo e não tenho esperanças que ele perca o mandato ou coisa do tipo. Por uma questão moral, de ter identificado as irregularidades, não posso fazer vista grossa. Eles [os deputados da comissão] estão, inclusive, com provas documentais, se quiserem apurar”, explicou.
No ofício, a promotora afirma que as investigações apontaram que o advogado Joaquim Pessoa Guerra Filho, que teria ajuizado o pedido de adoção em favor do casal, pertencente aos quadros da Alepe, assim como o médico Aldo Mota, o qual teria, a pedido, se deslocado ao Hospital Tricentenário de Olinda para examinar a criança a ser adotada. O médico, segundo a promotora, registrou o fato nos autos da guarda.
A promotora ironiza “a presteza” do serviço realizado, ao considerar que não havia risco de morte para a criança, uma vez que ela já havia sido medicada pelo hospital, conforme relato do próprio Aldo Mota. “Além disso, é relevante reconhecer que o serviço médico da Alepe não possui natureza itinerante, sendo o deslocamento do médico uma situação bastante questionável”, destaca.
Com relação ao advogado, a promotora diz que ele tinha conhecimento dos “interesses políticos atuando no caso” e que, por este motivo, não deveria ter-se envolvido no processo, “especialmente considerando os vínculos de amizade com Giovanna Uchoa e com a assessora da juíza (Andréa Calado, de Olinda, responsável pela adoção, que será investigada pelo TJPE)”.
A Promotoria enfatiza que há indícios apontando uma “trama, da qual Guilherme Uchoa faz parte”, no sentido de privilegiar o casal na adoção. “A conduta do tráfico de influência ataca os princípios da moralidade, da ética, da impessoalidade e da isonomia que devem estar presentes no exercício de um cargo público, especialmente considerando se tratar da liderança do Poder Legislativo no Estado”, diz.
Com informações do JC Online.
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