Pela primeira vez, a mais do que
centenária Usina Cruangi, localizada em Timbaúba, Mata Norte pernambucana, não
irá moer para produção açúcar e álcool. A seca, que chegou à região,
contribuiu, mas não foi o fator fundamental. Os acionistas não conseguiram
quitar parte do passivo financeiro para iniciar a moagem, deixando mais de
cinco mil trabalhadores sem emprego.
No percurso que iniciamos, hoje, pela
Zona Mata, para levantar os efeitos da maior seca dos últimos 50 anos no
Nordeste, nos deparamos com a usina fechada, mas a cana produzida em suas
terras está sendo vendida às usinas parceiras. Com a venda da cana, o apurado
somente dará para quitar o débito com os trabalhadores, valor da ordem de R$ 7
milhões.
Mas a usina continuará em débito com os
fornecedores de cana, em torno de R$ 8,2 milhões, além de R$ 800 mil das
entidades de classe dos produtores. O passivo maior está sendo gerado em função
da decisão do fechamento da unidade que ainda encontra-se apta para moer.
“O caos social vai tomar conta dos sete
municípios com vocação econômica focada na moagem da cana da Usina Cruangi, em
Timbaúba”, diz um dirigente da usina, que pediu para omitir seu nome. Segundo
ele, toda usina quando para sazonalmente de moer precisa de uma manutenção para
voltar a funcionar, algo em torno de R$ 4,5 milhões.
“O valor é insignificante para Cruangi,
que faturou R$ 165 milhões na safra passada e teve a terceira maior produção no
Estado, alcançando a segunda maior produtividade agrícola”, revela um
funcionário bem antigo, que também não quis se identificar temendo
represálias.
A opção dos acionistas em vender a cana
para outras unidades para pagar somente a dívida com trabalhadores e deixar a
usina fechada prejudica toda uma cadeia produtiva e econômica canavieira na
região do seu entorno, especialmente o município de Timbaúba, que vivia em
função da usina.
Do Blog do Magno
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