quinta-feira, 14 de junho de 2012

O drama da seca no Nordeste


O desafio da sobrevivência no Sertão

Na cidade de Cajazeiras (PB), ao passar por uma das ruas, uma imagem chama a atenção: duas mulheres, duas crianças, e uma carroça puxada pelo burro. Uma das meninas procura insistentemente o peito da mãe para mamar. A outra fica quieta dividindo o espaço com um monte de lixo que será vendido para reciclagem. “ Esse é nosso trabalho. Não tem emprego, e com o lixo, quando vendemos, compramos comida”, diz Valdelúcia Justino, 30 anos.

Ela tem oito filhos,sendo sete  mulheres e um homem, com idades de 1, 3, 4, 8, 10, 11, 13 e 15 anos. Os filhos mais novos ainda estão fora da escola e são levados com ela para a labuta diária. A outra mulher que a acompanha é a irmã, Marilene Cardoso, 27 anos, três filhos. “Meu marido está preso e tenho que vender plático,  ferro e papel, para sustentar meus três flhos”, conta.

A vida passa por essa mulheres fazendo-as parecer mais velhas. A pele curtida mostra os efeitos do sol, que no auge dos seus mais de 37 graus, não poupa nem as crianças arrastadas a viver uma experiência nada digna da infância. São famílias que, ainda no Nordeste, conjugam o verbo sobreviver. “Temos o Bolsa Família, que nos ajuda, mas precisamos continuar tendo um trabalho para sustentar a família”, diz Valdelúcia.

Sobre o futuro não há muita expectativa. “Sabemos que não há nada melhor para nós e assim vamos levando”, diz Marilene. Apesar da cena denunciar a desigualdade social, a humildade das duas irmãs faz a vida parecer mais leve. As duas não perdem o humor. “ A vida é assim mesmo. O importante é que nossos filhos estão na escola e que podemos catar lixo, ganhar um dinheirinho e não ficar com fome”, arremata Valdelúcia. Se terão algum outro tipo de ajuda só o tempo dirá. São mulheres que desafiam a pobreza, a fome, e a miséria com a coragem de quem precisa sobreviver. É o retrato de um Nordeste que poucos vêem, mas que existe.

(Por Denise Martins/Fotos: JB de Azevedo)

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